Candolina Rosa de Carvalho Cerqueira

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Candolina Rosa de Carvalho Cerqueira
Nascimento 12 de setembro de 1921
Salvador
Morte 4 de abril de 1973 (51 anos)
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação professora
Causa da morte cancro da mama

Candolina Rosa de Carvalho Cerqueira (Salvador, 12 de setembro de 1921 — Salvador, 4 de abril de 1973) foi uma professora brasileira.

Filha de Cândido Nelson de Carvalho e de Isabel Rosa Gomes de Carvalho, aos quinze anos de idade ficou órfã de pai.[1] Professora primária aos 18 anos, pela Escola Normal da Bahia, graduou-se em Línguas neolatinas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFBA, em 1949.

Em 1950, casou-se com Francisco de Morais Cerqueira, com quem teve cinco filhos. Francisco morre prematuramente, deixando a esposa viúva aos trinta e oito anos de idade, com os filhos eram pequenos — o mais novo com menos de três meses de idade — e dois deles portadores de doenças graves.[1]

Em 1966, concluiu o curso de Orientação Educacional e, em 1970, o curso de Pedagogia, na mesma universidade. Cursou o Mestrado em Educação, interrompido pelo câncer, que a vitimou precocemente, aos 51 anos.

Te chamo de Senhora Opô Afonjá, Eros, Dona Lina, Agostinho e Edgar. Te chamo Menininha do Gantois, Candolina, Marta, Didi, Dodô e Osmar
Caetano Veloso. "Bahia, minha preta".

Fundou e dirigiu colégios — Lomanto Junior, o primeiro a ser construído em Itapuã, Santo Antônio e João XXIII, todos em Salvador — mas foi principalmente mestra de Língua Portuguesa para várias gerações de baianos, em tradicionais colégios de Salvador — Colégio Central da Bahia,[2] Colégio Severino Vieira, Colégio Marista, Colégio Sophia Costa Pinto — e permaneceu na memória de seus alunos.[3] Alguns deles se tornaram famosos. Um deles a homenageou, citando-a em suas canções.

Tem um Gol que ela mesma comprou com o dinheiro que juntou, ensinando português no Central. Ela é Neide Candolina total. E a cidade, a baía da cidade, a porcaria da cidade tem que reverter o quadro atual pra lhe ser igual.
Caetano Veloso. "Neide Candolina".[4]

Em 1971, pouco antes de sua morte, assumiu a diretoria do Ginásio Estadual Ministro Pires de Albuquerque (GEMPA), depois que as irmãs Lúcia e Alice, ambas formadas pela Faculdade de Filosofia da Bahia, foram afastadas. Até então, o GEMPA adotara o método da Summerhill School,[carece de fontes?] e todos os alunos e professores podiam manifestar suas opiniões com liberdade. Alunos, professores e pais participavam das decisões, em assembleias escolares. As avaliações do desempenho escolar eram feitas mediante atribuição de conceitos — não de notas — o que era pouco usual na época. Mas, naquele ano, em plena vigência do Ato Institucional n.º 5 (AI-5) e no auge da ditadura militar, havia forte repressão política na Bahia, como em todo o Brasil — particularmente, ao movimento estudantil. Também naquele ano, na Bahia, Carlos Lamarca e sua companheira, Iara Iavelberg, haviam sido mortos pelas forças da ordem. Nesse contexto, a tentativa de transpor a experiência do educador Alexander Sutherland Neill para uma escola pública brasileira foi abortada.

Candolina Rosa Cerqueira morreu em 1973, em decorrência de um câncer de mama — doença que por muito tempo guardara em segredo.[1]

Referências

  1. a b c PASSOS, Elizete. Candolina Rosa (1921-1973). Salvador: EDUFBA - Editora da Universidade Federal da Bahia, 2009. v. 1. 80 p. Coleção Educadoras Baianas.
  2. Dentro e fora da Nova Ordem Mundial: A Negritude de Salvador. Por Eneida Leal Cunha. Revista Grumo, nº1, março de 2003. Rio de Janeiro: 7Letras, p.78
  3. A boa palavra de Caetano Veloso. Folha de S. Paulo. Caderno Mais ("Caetano 50, Jorge 80"), 9 de agosto de 1992, p. 6-4 (Acervo Folha).
  4. A canção homenageia duas mulheres, fundindo suas características: sua amiga Neide e a professora Candolina, de quem Caetano foi aluno no Colégio Severino Vieira. Ver "Rio de Janeiro, Bahia, Buenos Aires..." Por Pasquale Cipro Neto. Folha de S. Paulo, 13 de Janeiro de 2000.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • GUIMARÃES, G. A invisibilidade das educadoras baianas na História da Educação: a experiência de Candolina Rosa. Salvador: UFBA, 2008.